Um tema urgente nas aldeias da Beira e não só.
No evento promovido pela Converge em Lavacolhos, no Fundão, discutiu-se exaustivamente a importância das Unidades Locais de Proteção Civil (ULPC) como solução prática para fortalecer a resiliência das populações rurais.
Embora o conceito seja claro e os benefícios evidentes, infelizmente, ainda se observa uma preocupante falta de adesão por parte de muitas freguesias e comunidades vizinhas.
O que está a falhar nas comunidades locais?
A ausência de participação revela, antes de mais, uma certa indiferença ou mesmo desconhecimento sobre o papel estratégico das ULPC para a proteção da vida, património e território.
Ou seja, quando as freguesias optam por não envolver-se, deixam escapar oportunidades essenciais de preparação, formação e ligação a redes de apoio.
Até que ponto essa resistência será apenas falta de informação ou também sintoma de uma cultura local demasiado fechada e pouco colaborativa?
Consequências da inércia comunitária
O facto de tantas aldeias continuarem alheias à implementação ativa das ULPC gera vulnerabilidades reais:
- Em primeiro lugar, reduz a eficácia da resposta coletiva frente a incêndios, cheias ou outras emergências.
- Em segundo lugar, perpetua o isolamento institucional — cada freguesia trabalhando por si, sem criar redes de interajuda que podiam salvar vidas e bens.
- Por fim, limita a capacidade das comunidades de reivindicar recursos públicos ou influenciar decisões urbanas e ambientais junto das autarquias municipais.
Porque urge uma mudança de atitude
É necessário reconhecer que a proteção civil não é apenas responsabilidade das autoridades — antes, depende ainda mais das pessoas e dos grupos locais que conhecem a realidade do território.
Portanto, sem uma participação ativa e consistente das freguesias vizinhas, toda a região perde em segurança, solidariedade e futuro.
Sobre os oradores e o papel da ANAFRE
Os oradores convidados do encontro — nomeadamente André Morais, especialista nacional em Proteção Civil, e Rui Amaro, coordenador distrital da Anafre — trouxeram à discussão perspetivas essenciais sobre os desafios e soluções para a implementação das Unidades Locais de Proteção Civil.
A presença de Rui Amaro é particularmente relevante, sendo a ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias) uma entidade chave no apoio, formação e legitimação deste processo junto das juntas e comunidades locais.
O envolvimento da ANAFRE garante que as ULPC não ficam apenas como iniciativas voluntaristas, mas passam a integrar uma estratégia nacional bem articulada, conferindo maior capacidade de mobilização, coordenação e influência política para a proteção civil nas freguesias rurais. Assim, reforça-se o compromisso institucional e comunitário face aos novos riscos e desafios do território rural português.
Como superar a resistência e envolver as aldeias
Para combater este cenário, defendo:
- Mais informação acessível e transparente sobre o funcionamento das ULPC.
- A realização de sessões de sensibilização e formação para líderes locais, agentes sociais e população em geral.
- O incentivo à criação de protocolos entre freguesias, para fortalecer redes de apoio em tempo real.
Conclusão
Em suma, criticar a falta de adesão não é apenas apontar falhas — é chamado à responsabilidade coletiva.
Se queremos um território mais seguro, sustentável e colaborativo, as comunidades e freguesias da Cova da Beira precisam levantar-se, participar e assumir o protagonismo na implementação das Unidades Locais de Proteção Civil.