No dia 20 de junho de 2025, a turista brasileira Juliana Marins, de 26 anos, desapareceu durante uma caminhada nocturna no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia. Juliana sentiu-se exausta e o grupo, liderado por um guia local, acabou por seguir em frente e deixá-la sozinha num trilho escorregadio. Pouco depois, ela caiu por uma ravina com cerca de 300 metros de profundidade. As equipas de resgate encontraram o corpo quatro dias depois, a 24 de junho.
Reportagem na sicnoticias.
Este episódio trágico exige uma reflexão profunda sobre o papel dos guias e as boas práticas essenciais para garantir a segurança dos participantes nas actividades de natureza.
✅ O que correu bem
- As autoridades locais responderam rapidamente, mobilizando drones e equipas especializadas para as buscas.
- A diplomacia brasileira prestou apoio imediato, garantindo o envolvimento do consulado e da embaixada.
🚫 O que correu mal
1. O grupo deixou Juliana sozinha
Nenhum guia deve permitir que alguém fique isolado, especialmente em estado de fadiga e em zonas perigosas. Esta atitude negligente resultou numa consequência trágica.
2. Escolheram mal o horário e o percurso
Optar por uma caminhada nocturna num trilho escorregadio e sem iluminação adequada exige uma preparação rigorosa. Neste caso, a escolha revelou-se desastrosa.
3. O guia falhou na monitorização do grupo
O guia tem a responsabilidade de acompanhar constantemente todos os participantes. Ignorar sinais de fadiga ou perder o contacto com alguém demonstra falta de liderança.
❗ O que um guia de natureza nunca deve fazer
- ❌ Deixar alguém para trás, independentemente do ritmo do grupo.
- ❌ Ignorar sinais de cansaço ou mal-estar físico.
- ❌ Conduzir grupos em zonas perigosas sem plano de contingência.
- ❌ Depender apenas do bom tempo ou da sorte.
- ❌ Prescindir de uma comunicação clara e constante com todos os participantes.
🛠️ Recomendações práticas para guias e monitores
Situação | Boa prática |
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Antes da caminhada | Confirmar percurso, meteorologia e perfil físico dos participantes |
Durante a atividade | Garantir pausas, manter o grupo coeso e observar o bem-estar de todos |
Liderança | Comunicar com clareza, tomar decisões firmes e escutar com empatia |
Segurança | Levar kit de primeiros socorros e preparar rotas alternativas |
Depois da atividade | Recolher feedback e ajustar futuras saídas com base na experiência |
🌱 Cada caminhada é única — e cada grupo também
Nenhuma caminhada é igual. Mesmo num percurso repetido, o grupo traz uma nova energia, diferentes necessidades e outros ritmos. Por isso, o guia precisa de agir com flexibilidade, atenção e sentido de responsabilidade.
Lembro-me das minhas primeiras experiências como guia. Falar em público deixava-me nervoso, especialmente quando havia crianças no grupo. Com o tempo, aprendi a confiar no meu conhecimento e a valorizar o contacto com quem caminha ao meu lado. Hoje, sinto que guiar é mais do que conduzir — é partilhar, adaptar e aprender em conjunto.
📚 Estas questões fazem parte do Curso de Guias de Natureza
O Curso de Guias de Natureza, marcado para Outubro de 2025, vai aprofundar todos estes temas. Vamos analisar casos reais, trabalhar cenários de risco e praticar estratégias de liderança e segurança. O curso destina-se a quem quer guiar com consciência, preparar-se melhor e assumir o papel de facilitador entre as pessoas e o território.